Falhamos, sim, e agora?
Essa é uma frase forte. Dura de ouvir, dura de
encarar e extremamente humilhante. É como uma facada no peito. Tem gosto de
fracasso, de desesperança, de medo. O futuro chegou. Não lidamos mais com crianças.
Agora nossos filhos estão na última etapa antes da fase adulta.
E agora? Erramos muito, é verdade. E não há
ninguém que escape disso. Precisamos admitir. E por mais que a gente evite, é
quase impossível não cair na tentação de se comparar com o outro que não cometeu
os mesmos erros, ou que sabia um pouco mais sobre educação de filhos, ou que parece
ter tido mais sucesso do que eu. Mas esse sentimento não é bíblico e o pior,
ele não leva a lugar nenhum.
A Bíblia é um livro que fala sobre a graça,
aquela que ninguém é capaz de conquistar por esforços próprios, mas que nos é oferecida
por alguém maior que nós, e que continua interessado na nossa vida. Essa ideia não
pode sair da nossa mente nem por um milésimo de segundo, porque se isso
acontece, estamos paralisados na parte do “eu errei”.
Com a graça maravilhosa de Jesus em mente,
temos forças para em primeiro lugar, reconhecer as falhas. Quais foram elas? Eu
não conhecia a Bíblia o suficiente? Eu não conhecia a Cristo até que meus
filhos chegassem à adolescência? Eu não investi tempo suficiente ensinando a Bíblia
a eles? Eu deixei passar pecados que deveriam ter sido tratados com mais
cuidado, com a disciplina correta? Eu ignorei alguns problemas por falta de
tempo, por estar muito estressado, pelas circunstâncias da vida? A resposta é
tudo isso junto. E agora chegou a primeira colheita dessa semeadura.
Temos então duas opções:
- Não há nada o que eu possa fazer.
ou
- Por que eu estou lendo esse texto e me identificando
com esse cenário?
Se você escolheu a segunda opção, a boa notícia
é que Deus de alguma maneira está mostrando a mim e a você que ele se importa.
Ele está te dando a oportunidade de reconhecer seus erros, de pedir perdão e de
ter a chance de uma tomada de decisão sobre essa realidade.
O que é preciso ter em mente, em relação à
nossa intenção de continuar educando nossos filhos na adolescência:
1. Nós
não estamos sozinhos. Deus nos confiou essa responsabilidade, mas no final das
contas é ele quem realiza a obra no coração deles. Além disso, temos os nossos
irmãos que estão peregrinando conosco, que também enfrentam as mesmas lutas, e que
podem e devem ser procurados quando estivermos precisando de ajuda.
2. A
conversão deles não depende do nosso trabalho, mas isso não significa que eu não
tenha que fazer o trabalho de a todo instante expor as verdades da Escritura no
dia a dia deles. Esse dever nos foi confiado e ele continua valendo na adolescência.
Não deveríamos perder a chance de trazer a lente da Bíblia para todas as questões
da vida. Não podemos deixar de falar de Jesus e sua obra maravilhosa pro nosso seu filho!
3. Precisamos ter em mente que as tentações da adolescência são muito diferentes e muito mais intensas nessa época da vida. Nossos filhos estão numa guerra contra os desejos do coração, os hormônios em ebulição, a pressão de seus pares, e uma preguiça em manter uma vida devocional constante, ainda mais depois das mídias e telas. É aí que, mais vez, entra nossa atuação como autoridade e como guia pra eles. Limitar de um lado, investir tempo do outro. Às vezes estão tão “cansados” (deprimidos, desanimados como no texto de Isaías 40.30,31) que é necessário “pegar na mão” para ajudá-los a desenvolver seu relacionamento com Deus. Também investir no culto doméstico, ainda que seja apenas uma vez por semana, mas é caminhar ao lado deles, como propõe Deuteronômio 6, a fim de estimulá-los em seu relacionamento pessoal com Deus.
São muitos os desafios da adolescência num
mundo pós-cristão, num mundo triste e vazio, que ignora completamente a existência
de um Deus criador e que tem propósitos pra vida de cada ser criado. Mas esse
mesmo Deus continua governando soberanamente e está mais próximo de nós do que
a nossa mente quer acreditar.
É esse Deus que vai adiante de nós apesar dos
nossos pecados, e apesar de saber que vamos continuar falhando, ele nos
impulsiona a desempenar o papel que nos foi confiado. Essa missão de sermos guias
dos nossos filhos ainda está em nossas mãos.
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