É uma criança? É um adulto? Não! É um adolescente!
Com três adolescentes em casa, uma delas já deixando essa fase, esse cenário é bem evidente.
Alguns dias atrás, numa conversa à mesa, falávamos
sobre a escolha de material de estudo bíblico para adolescentes, e notei uma
certa desaprovação da parte delas em relação a livros publicados para esse
público e que são cheios de ilustrações, ou coloridos demais, quase que infantis.
Começamos então a comentar sobre essa tendência de subestimar a capacidade do
adolescente de estudar e refletir sobre questões mais profundas, e no meio
desse papo, uma delas disse: “às vezes tenho a impressão de que os adultos
olham pros adolescentes como se eles fossem uma criança alta”. Após rir alto com
a frase, fiquei pensado: “Uau, que observação fantástica!” Acho que eu não
conseguiria traduzir essa realidade de forma tão simples e precisa!
É interessante perceber que nós pais,
professores, irmãos adultos da igreja, por vezes olhamos para os nossos
adolescentes como sendo “crianças altas’, das quais não se tolera mais certos tipos
de comportamento, mas que ao mesmo tempo, não parecem ter muito a contribuir
quando assuntos sérios vêm à tona.
Algo que realmete incomoda o adolescente é ter a sensação de que ninguém é capaz de compreendê-lo, quando na verdade, o
que eles mais buscam é a oportunidade de serem ouvidos.
O problema é que nem sempre estamos dispostos a
ouvir suas ideias e opiniões. Geralmente porque elas fatalmente vão refletir as
maiores influências desses jovens, e isso pode entrar em conflito com a nossa visão
como pais, e pode ser chocante para nós, perceber que nossos filhos não
partilham das nossas convicções, ou pior ainda, que eles sequer expressam a mesma
fé que nós confessamos.
Isso é muito triste, mas tão comum e tão real! Às
vezes perdemos a dimensão de que por trás daquela “criança alta" há uma pessoa
cheia de perguntas sem resposta, há um jovem em busca da própria identidade, e
que está passando por um dos períodos mais desafiadores da formação do
ser-humano, que é aquele que antecede a fase adulta.
Mais do que tentar mudar a cabeça do
adolescente, numa fase em que ele já tem muita opinião sobre muita coisa, é
preciso que a gente mude também o nosso jeito de enxergar esse processo. Ser pais de adolescentes é um teste da nossa
capacidade de conseguir olhar para o filho como alguém que está em busca de
respostas a perguntas que ele talvez nem saiba fazer.
Entre os 13 e 18 anos, há uma quantidade enorme
de informações e ideias que ocupam a mente do adolescente, desde preocupações com
sua aparência, até dúvidas sobre a existência de Deus.
Como os adultos da história, precisamos caminhar
com eles a ponto de ajudá-los a fazer como nos incentiva o Salmo 139: sondar o
próprio coração. E essa não é uma tarefa simples. E os resultados não são notados
de uma hora pra outra.
Como pais, o que podermos fazer, então?
1. Ore
incessantemente por seu adolescente. Não desista, não pare, não desanime. Seja como
a viúva insistente (Lucas 18).
2. Invista
na vida espiritual do seu filho. Separe momentos da semana para o culto
doméstico. Estude um livro da Bíblia, ou escolha um livro cristão a ser lido em
família. Abra espaço para discussão do assunto escolhido. Elabore perguntas
para que seus filhos respondam.
3. Seja
intencional no seu contato com seu filho. Planeje momentos para estar com ele,
para passar um tempo juntos, num lugar em que vocês tenham a oportunidade de
conversar e se divertir ao mesmo tempo.
4. Conte
com seu filho para tarefas da casa, ou do seu trabalho.
5. Seja
você a ensinar seu filho (a), a cozinhar, a cuidar das próprias roupas, a
administrar o próprio dinheiro.
6. Não
se assuste ou se irrite quando seu filho trouxer uma dúvida que aos seus olhos
tem uma resposta óbvia. Pode ser que pra ele, seja uma questão a ser trabalhada
com mais cuidado, mais estudo, mais textos bíblicos, mais leituras, mais
aconselhamento.
7. Ouça
o que seu filho tem a dizer e não despreze sua opinião. Não ria do que ele
pensa. Às vezes, nossos filhos conseguem trazer uma perspectiva diferente sobre
situações que para nós eram apenas “preto no branco”.
8. Descubra
as aptidões do seu filho, e invista nisso! Se é tocar um instrumento, conte com
ele para os cânticos em casa ou na igreja. Se é escrever, conte com ele para
corrigir seus textos. Se é matemática, peça sua ajuda para calcular os ganhos e
gastos da casa.
Entre outras coisas, permita que seu adolescente,
que não é uma “criança alta”, participe da vida comum do lar. Não fique só preocupado
com seu desempenho nos estudos, mas ajude-o a se preparar para toda a vida adulta
que o espera, e não muito mais tarde.
Ame seu adolescente!
Comentários