Uma mudança radical

Como já disse algumas vezes, sou mãe de três filhas que ainda estão na primeira infância. Fazendo um quadro dessa condição na mente, acho que dá para imaginar a loucura que isso representa. É a mais novinha que chora querendo a mamadeira, a do meio que não admite perder seu lugar no colo e a mais velha querendo virar mocinha ao mesmo tempo em que disputa uma vaga nos braços da mamãe. Sem falar a respeito das diferenças de personalidade refletidas no comportamento. Uma viagem encantadora, pensando por esse lado, mas não menos cansativa e trabalhosa. Sarah, por exemplo, que completou cinco anos em setembro desse ano, já desenvolveu conversas conosco falando sobre seu desejo de “conhecer o mundo”, “outros países...” mostrando que já conhecia o Brasil e gostaria de conhecer a Inglaterra. Dá pra imaginar? É uma emoção indescritível. Fico orgulhosa quando percebo que ela já consegue escrever seu nome sozinha além de várias outras palavras que soletramos. Ah como me falta tempo...

Isabel não fica muito atrás, aos três anos ela já vem apresentando um desenvolvimento de se admirar. Também já consegue escrever seu próprio nome e sabe identificar letras, números formas geométricas, o que se contrapõe ao seu jeitinho dengoso que às vezes me faz pensar que ainda é um bebê.

E interagindo com essa mini escola está a Lídia que perto de completar dois anos é uma esponja de aprendizado tanto para aquilo que é bom quanto para o que me deixa com mais fiozinhos brancos.

Fico cansada só de falar sobre o assunto, uma grande responsabilidade recai sobre meus ombros e a carga de trabalho pode superar qualquer emprego que viesse a exercer. Por conta disso, vivi muito tempo conformada com meu jeito estressado de ser. Escondia minha culpa pelos acessos de raiva, palavras duras e irritações atrás da imagem de que eu era assim por que tinha três filhos pequenos sob meus cuidados. Meus dias eram como um grande peso sobre os ombros, e mantinha uma relação estritamente burocrática com minhas lindas princesas. Dava comida, o banho, trocava a roupa, mandava para a TV ou para o quarto brincar e por um longo tempo deixei de me divertir com elas. Não pensem que isso nunca me incomodou, pelo contrário, sempre busquei a Deus pedindo que tivesse misericórdia de mim e me ajudasse a ser uma mãe mais agradável e feliz. Muitos textos bíblicos vinham à minha mente como “... o amor não se exaspera”, “irai-vos mas não pequeis...” tendo consciência de que minha postura precisava ser revista, mas faltavam forças para mudar.

Até que Deus usou alguém inimaginável para me desafiar. Sempre tratei a saúde de minhas filhas através da homeopatia. Gosto muito dos resultados, mas já dá para imaginar o quanto é difícil encontrar um homeopata que consiga dissociar a medicina do esoterismo. Ainda mais quando se muda de plano de saúde e é preciso sair à caça de um novo profissional sério e que seja atencioso com as crianças (condição sine qua non quando se trata do médico que vai cuidar das minhas jóias). Pois bem, já estava quase me conformando com a descoberta de uma nova clínica quando resolvi fazer uma última tentativa. Marquei a consulta e saí em uma maratona que incluiu iogurte, bolachinhas, muita sujeira no carro e choradeira também. Fomos atendidas por uma médica oriental extremamente simpática e bastante interessada. Após baixar três relatórios sobre características físicas, emocionais e gostos pessoais, passei a responder perguntas do tipo: como é seu relacionamento com elas? Quem é mais apegada ao pai ou à mãe? Como é o dia-a dia de vocês? O fato é que me senti num divã, ou como se estivesse me olhando no espelho. Confessei a ela sobre minhas dificuldades de me relacionar com elas de uma forma mais saudável dado ao meu cansaço físico e emocional e disse que isso se devia às solicitações constantes e distintas de cada uma feitas à minha pessoa. Até que ela me disse: “elas estão te solicitando demais por que você não as está solicitando”, e mais uma: “uma mãe estressada é a pior coisa para a saúde dos filhos”.

Chocados? Pois eu fiquei. Já havia ouvido milhares de pessoas me alertando quanto aos aspectos nocivos do nervosismo e da impaciência, já havia inclusive escrito textos a respeito disso, mas como uma espada cortante aquelas palavras me soaram como a voz de Deus. Aquela médica me desafiou de tal forma que saí do consultório descarregada de um fardo que há muito levava sozinha. Foi como se naquele momento tivesse entregado toda a minha exaustão nas mãos daquele que leva minhas cargas desde a eternidade. Daquele dia em diante parei de me conformar com o fato de ser uma mãe estressada por ter três filhos pequenos. Desde então Deus vem trabalhando em meu coração me dando prazer em fazer coisas que via apenas como obrigação, como por exemplo, brincar, ir ao play ground ou ao parque.

Deus usou aquela médica para falar comigo, para tocar meu coração, para me fazer enxergar que eu tenho nada mais nada menos do que três valiosos tesouros, que não só foram confiados a mim, mas acima de tudo me tem como exemplo. Posso garantir que meus dias têm sido mais felizes e garanto que para meu esposo e minhas filhinhas queridas também.

Comentários

Anônimo disse…
Oi Suenia!! Hj mesmo iria mandar um scrap pra vc perguntando sobre novos textos...
Muito legal o seu compartilhar da vida que vc tem com suas filhas, nao tem como nao me identificar...
Esta vida "buroratica" com horarios e tarefas a serem cumpridas com e para nossas filhas, as vezes realmente, nos faz PERDER momentos e DEIXAR de curtir coisas comuns do dia a dia, mas que fazem parte do desfrutar do presente que Deus nos deu...e ah..!!! nao tenho duvidas...momentos que trarao muitas SAUDADES um dia...
Beijinhos pra vc...e que DEUS continue te abencoando na criacao de suas joias!!! Ana Cristina-Betel
Anônimo disse…
Me senti num túnel do tempo... Sei bem o que vc sente! Criei mes 4 filhos morando longe da família e sem empregada. Ás vezes, os 4 choravam, e eu? Chorava junto, é claro!!!! O mais velho tinha 6 anos e a caçula acabara de nascer. Uma loucura. Mas vou te dizer uma coisa: que privilégio suas meninas têm de ter uma mãe não só preocupada com suas condições físicas ou emocionais, mas interessada em levá-las á Deus! Esse é um árduo e longo percursso, uma tarefa de tempo integral e pra vida toda. Hoje meu mais velho está com 16, mas ainda me vejo envolvida numa luta diária para ensiná-los a glorificar à Deus em cada momento de suas vidas, a serem menos egoístas, a dar a vez ao irmão,e coisas do gênero... Mas uma coisa eu e meu marido temos aprendido ao longo desses anos: se queremos ter filhos crentes, precisamos mesmo nor tornar crentes melhores á cada dia. É um desafio diário à nós mesmos, afinal, somos pecadores tentando ensinar outros pecadores(nossos filhos), a amar e obedecer à Deus. Que Deus nos dê sua graça!!

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