Duas mães

Conversas sobre o encontro de duas gestantes...

O que falar ao coração de uma mãe que está prestes a conhecer o rostinho de seu bebê? Esse desafio me foi lançado recentemente ao ser convidada a compartilhar da Palavra de Deus num chá de bebê de uma grande amiga. O primeiro texto que me veio à mente foi justamente o do encontro entre duas grávidas: Maria, mãe de Jesus, e sua prima Isabel. Conhecia bem a história, que sempre me encantou por sua beleza e riqueza de detalhes, mas mal poderia esperar que encontraria nesse texto tantas, para não dizer inúmeras, lições do que significa ser uma mãe serva de Deus, honrada pelo fruto de seu ventre.

Antes, porém, de falar sobre aquela visita especial registrada em Lucas 1.39-45, não dá para deixar de pensar em primeiro lugar a respeito do caráter de cada uma dessas mulheres Elas foram realmente instrumento nas mãos do Senhor para serem coadjuvantes de uma linda história real planejada no coração de Deus. Quero começar falando sobre Isabel.

Quem era Isabel?

A Bíblia diz que Isabel (assim como seu esposo Zacarias) era justa e irrepreensível aos olhos do Senhor (1.5-7). Estão aí em poucas palavras importantes informações sobre essa mulher. De fato, ser justa e irrepreensível, deve ser uma meta, mas sabemos que não é tão simples de ser alcançada. Isabel, porém parecia contemplar essas qualidades. Não podemos nos esquecer que ela também era judia, inclusive seu marido era sacerdote, um zeloso sacerdote, e por conta disso ambos deveriam conhecer as profecias que falavam a respeito do Messias prometido. O texto não nos mostra isso com clareza, mas podemos supor que ela esperasse em seu coração a chegada daquele que viria restaurar a sorte de seu povo. Naquele momento, contudo, ela era apenas uma mulher feliz e grata, pois apesar de sua idade avançada, dentro de pouco tempo realizaria o sonho de ser mãe.

Isabel talvez não soubesse a grande responsabilidade que Deus estava depositando em seus ombros. Deus a havia escolhido para ser mãe daquele que viria anunciar a chegada do Messias. O texto não mostra se ela sabia disso. É bem provável que ela não soubesse, pois seu marido Zacarias, que foi quem recebeu a mensagem do anjo Gabriel dizendo que eles teriam um filho, ficou mudo imediatamente após ouvir o que Deus estava planejando para ele e sua esposa. Ele duvidou das palavras do anjo, pois ambos eram idosos e Isabel era estéril. Como aquelas promessas poderiam se cumprir? Por causa de sua dúvida a partir daquele instante,
ele não disse uma palavra até que seu filho nascesse. Os planos de Deus eram mais grandiosos do que ele poderia esperar...

Naquele tempo, as mulheres estéreis eram menosprezadas pelo povo, pois havia a crença de que estavam nessa condição por não serem alvo da graça de Deus, mas ao contrário do que pudessem pensar a respeito de Isabel, o relato bíblico coloca em evidência suas qualidades de uma verdadeira serva. Suas reações e atitudes não deixavam dúvida quanto a isso. Ela engravidou logo após Zacarias ter cumprido seus dias de trabalho no templo, mas decidiu não revelar o fato. Ela foi humilde diante da graça que Deus havia lhe dado. Ao invés de sair aos quatro ventos divulgando sua gravidez, preferiu ficar reclusa durante os cinco primeiros meses de gestação até que as mudanças em seu corpo fossem nítidas e assim deixasse de ser envergonhada pelo seu povo (24,25).

A arrogância muitas vezes toma conta do coração da mãe. Geralmente as mães de primeira viagem querem mostrar que sabem como cuidar de seu filho, como amamentá-lo como colocá-lo para dormir, como discernir o choro de fome, de dor, esquecendo-se que não há nada de errado em reconhecer seus limites. Essas atitudes podem revelar muitas vezes um desejo de independência até mesmo de Deus. Se não há quem possa nos ajudar, Deus pode e a dependência a ele cabe também nas pequenas coisas. Isabel contava com Deus e era grata a ele sem a necessidade de se exaltar ou se exibir perante as pessoas.

A humildade de Isabel era latente e não se resumiu apenas à decisão de ocultar-se por cinco meses. Há outro momento em sua vida em que ela evidencia uma humildade e um altruísmo profundos além do reconhecimento de sua condição de serva e pecadora. Nas próximas postagens falaremos sobre esse momento. Por enquanto podemos meditar na sabedoria e fé dessa mulher que tanto nos ensina a ser mães que necessitam de retidão e humildade. Que Deus nos ajude nisso.


Comentários

Rebeca disse…
Minha Querida Tia,

Eu gostei bastante!

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