Gestação Cardíaca (I)

Há cerca de 13 anos, quando eu e meu marido nos casamos já havia em nossa mente, ainda que de forma embrionária, o desejo natural de ampliar nossa família. A idéia foi amadurecendo com o tempo. Aos poucos fomos passando a desejar e sonhar em ter filhos (eu mais do que ele, rs...), mas pensávamos em fazer isso não só do jeito convencional como as coisas acontecem. Com o passar do tempo, ainda que fosse uma idéia longínqua, queríamos permitir que nossa família crescesse tendo a oportunidade de abençoar a vida de alguém que talvez nunca tivesse experimentado o que significa ter um lar de verdade.

Bom, a idéia foi de alguma maneira esquecida nos nossos primeiros quatro anos de casados, já que esse fora o período que decidimos nos dedicar ao nosso relacionamento antes de ter os filhos que Deus nos daria. Qual não foi nossa surpresa quando descobrimos que na verdade não podíamos ter filhos, e apesar da possibilidade de uma cirurgia para corrigir o problema as chances ainda seriam remotas. Isso, num primeiro momento, nos soou como uma grande tristeza, mas sempre confiamos que Deus tinha o melhor para nós e já havíamos experimentado isso ao longo de nossa vida juntos, então entregamos o problema a ele. Diante desse contexto, a idéia de adotarmos uma criança veio à tona com força total. Não tínhamos dúvidas de que queríamos ser pais, e o jeito como isso iria acontecer já não importava mais. Corremos com documentos e toda a burocracia que isso envolve quando se quer dar esse passo dentro das exigências da lei do país, e lá fomos nós para a corrida da adoção. Passamos por exames médicos, conseguimos nosso atestado de sanidade física e mental (descobrimos que não somos loucos, rs...), conseguimos nossa certidão negativa de antecedentes criminais (e que também temos a ficha limpa) e preparamos a papelada para nos inscrevermos em diversas varas da infância, em Santa Catarina, onde morávamos na época. O fato é que o final daquele ano chegou, já haviam se passado seis meses da cirurgia, acabamos nos mudando para São Paulo e por motivos que não sabíamos ao certo explicar, nossos documentos não foram entregues.

Uma surpresa nos aguardava em São Paulo. Treze dias após chegarmos à cidade, descobrimos que íamos ser pais. Foi uma felicidade imensa, uma notícia que veio encher de alegria todos os espaços do nosso coração e uma grande gratidão a Deus tomou conta de nós. Bom, a história toda é que num período de pouco mais que três anos nossa família quase triplicou de tamanho e somos pais de três lindas princesinhas. Vocês que acompanham o blog já conhecem a história.

Com três crianças para nos preocupar, nossa “gestação cardíaca” ficou aposentada por cerca de 8 anos. Isso mesmo, agora que nossa caçulinha está com 5 anos a idéia de aumentar a família, dessa vez por meio da adoção, voltou com força total. Por isso temos pedido a Deus que nos dê clareza para levarmos a cabo essa decisão. São muitas as implicações que uma atitude como essa pode gerar, ainda mais porque agora já são cinco pessoas envolvidas no processo e não mais duas.

Hoje não temos mais a intenção de adotar um bebê, como já havíamos cogitado, pensamos em receber uma criança com até 6 anos de idade, além disso estamos abertos a irmãos. Temos consciência de que a idéia nem sempre é entendida, pois muitos crêem que encarar uma empreitada como essa não é nada fácil. Não tiro a razão dessas pessoas, mesmo porque nós temos plena convicção disso. Mas quando ouço a respeito de como é a vida dessas crianças vivendo em abrigos, trazendo em seu currículo um histórico de sofrimento e dor tão grandes fico pensando em como nossa família é rica, não financeiramente falando, mas rica em amor, em bênçãos materiais, em relacionamentos saudáveis, em boas oportunidades, em comunhão com Deus...

Quem somos nós para merecermos tudo isso? Quem somos nós para negarmos isso a alguém? Quem nos deu o direito de não fazer nada? Minha intenção não é fazer uma apologia a adoção embora alimente o desejo de que muitos casais aceitem esse desafio também. Esses questionamentos, no entanto, são muito pessoais, eles ecoam forte dentro de mim, e também no coração do meu marido, são perguntas que não calam dentro de nós talvez porque Deus esteja nos incomodando em relação a isso. Um dia nós fomos adotados por Deus. Nós, que não éramos povo, agora somos povo! Não consigo deixar de transportar essa condição para a realidade dessas crianças, pois eles hoje não são filhos, mas em breve o serão... Tenho pensado muito sobre isso e tenho certeza que não é sem motivo. Na última semana, demos o primeiro passo para levarmos essa idéia adiante. Fizemos um curso que veio a confirmar nossas intenções. Estamos confiantes de que Deus está a frente de nós nisso. (continua...)




Comentários

Querida Su
Amei o seu texto e, muito mais, a atitude de vocês. Estou orando para que Deus indique para vocês a(s) criança(s) que completará a família de vocês.
Bjs
Ligian disse…
Su, um dos desejos que carrego comigo desde minha época de solteira é o de adotar uma criança! Estamos esperando que o Davizinho cresça mais um pouquinho para dar os primeiros passos! Fico emocionada e ainda mais motivada com seu testemunho e, olha, conheço poucas mães como você e a admiro por isso também! Deus abençoe você, o Fernando e as meninas e que os perfeitos propósitos do Senhor se cumpram!
Bjim!
Amo vc, amiga!
Suenia Almeida disse…
Mari, obrigada pelo apoio e orações. Isso é muito importante pra nós.

Ligian, que bom, amiga, que você eo Charles também têm esse desejo no coração. Vou colocá-los em oração sobre esse motivo. E vamos compartilhando sempre....

Bjus queridas amigas!
Dry disse…
Su, que maravilha ler esse texto e saber de seus sentimentos em relação a esse assunto. O coração de vocês está, sim, inclinado para o desejo do coração do nosso Pai querido. Que Deus os abençoe e levante a pessoinha (ou as pessoinhas) que Deus já tem reservado para fazer parte da família de vocês. Um beijo gigante, com muita saudade.
Talita disse…
Oi, eu penso como você nessa questão da adoção. Amei o texto, obrigada por compartilhá-lo. Você soube colocar em palavras aquilo que está no coração de Deus. Meu marido e eu sempre quisemos ter quatro filhos. Já temos duas meninas (Nicole com 2 anos e Alícia com apenas 3 meses) e desejamos para o futuro adotar dois meninos, de preferência irmãos. Vamos esperar as meninas crescerem para poderem participar, pois cremos que é um projeto de família! Um abraço, Talita

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