Soberania ameaçada

Afinal, somos um país que costuma se gabar de sua receptividade, que se caracteriza por ser uma nação que se reinventa a cada dia, mas que, por conta disso, não mede as consequências. Pior do que isso é perceber que mesmo legislando em causa própria e teoricamente defendendo o suposto livre arbítrio de seus compatriotas, as autoridades brasileiras põem em risco até mesmo sua própria Constituição, em nome da pós-modernidade. Cada vez mais o discurso convence de que a luta é pela liberdade enquanto se lê nas entrelinhas que os direitos assegurados pela democracia estão sendo ameaçados. E não há somente uma única prova disso. A lei que chama de “homofóbico” quem não concorda com um determinado tipo de comportamento alegando, que isso fere a liberdade, justamente cerceia a liberdade daqueles que se opõem. Estabelecer cotas segundo parâmetros raciais também fere a liberdade daqueles que não as tem em seu favor. Penso que em qualquer lugar do planeta, o potencial se mede pela competência e não pela cor da pele. Enfim. O problema, porém, não para por aí. As leis a favor das minorias, não que devam ser ignoradas, mas sim tratadas na medida em que não se tornem fator discriminatório, só vem a confirmar essa coisa perigosa chamada relativismo na qual caiu o nosso Brasil. Quando ele impera, o Estado vai caminhando para a dissolução da vivência em sociedade, gerando ainda mais segregação, já que cada um deve defender o que pensa, ainda que, para isso, seja necessário sobrepujar a Carta Magna de um país. Em nome da tolerância já estamos chegando ao ponto de não tolerar que a educação dos filhos seja prerrogativa de seus pais. Questões de foro íntimo, as particularidades de cada família (sem defender, é claro, abusos de qualquer espécie), acabam caindo nas mãos dos governantes. Como se eles fossem parâmetro pra educar nossos filhos.
As coisas estão tão fora de controle que já está se ouvindo falar de nações como a China, por exemplo, interessada em adquirir propriedades no Brasil a fim de garantir suprimentos para o seu país, já que a produção de alimentos ali é praticamente inexistente. O que dizer sobre isso? Aterrorizante.
Pensando esse contexto a sensação é a de que tudo não passou de um sonho, de que na verdade nunca fomos independentes e que tanto faz como tanto fez se temos Constituição ou se protegemos criminosos foragidos. Afinal de contas, pra que se dar ao trabalho? A reposta de um típico brasileiro poderia ser uma outra pergunta: Quem se importa? Em tese, parece que é assim que as coisas por aqui funcionam. “Se eu estou bem e tenho meus direitos assegurados, por que me importaria com os seus?”, poderia-se dizer. Às vezes tenho a impressão de que caminhamos para instituir essa máxima.
É bem verdade que esse quadro mais parece um grande pesadelo. Ainda que essa perspectiva pareça real, infelizmente talvez até o seja, não se pode dar lugar a inércia, por mais tentadora que ela possa ser. Enquanto mantemos vivas as nossas crenças e defendemos a verdade, não podemos sucumbir à fôrma que nos é imposta. Não se pode jamais perder a soberania própria, ainda mais porque ela se encontra sob a égide da soberania divida, ainda que sofra constante e insistente ameaça.
É bem verdade que esse quadro mais parece um grande pesadelo. Ainda que essa perspectiva pareça real, infelizmente talvez até o seja, não se pode dar lugar a inércia, por mais tentadora que ela possa ser. Enquanto mantemos vivas as nossas crenças e defendemos a verdade, não podemos sucumbir à fôrma que nos é imposta. Não se pode jamais perder a soberania própria, ainda mais porque ela se encontra sob a égide da soberania divida, ainda que sofra constante e insistente ameaça.
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