Qual é o seu chamado?

  Devo dizer que tenho me impressionado muito com o número de mulheres que tem esquecido ou simplesmente ignorado qual é o seu real chamado como servas de Deus.

A filosofia pós-moderna, que legitima o fato de cada um ter sua própria verdade e portanto todos estariam isentos de julgamento por suas escolhas, é uma falácia que tem permeando a mentalidade de muitas mulheres cristãs.
Não é pequeno o número de mulheres em nossas igrejas que, vislumbradas pelo status de se realizarem como intelectuais ou profissionais bem sucedidas, tem mirado com olhos diminutos o papel de esposas, mães e gestoras de seus lares.
A pergunta que me vem à mente é: por que tantas mulheres em nossos dias têm crido na mentira de que para serem reconhecidas, para se sentirem importantes, devem estar inseridas no mercado de trabalho ou dedicarem boa parte de seu tempo ao meio acadêmico?
Não há nada de errado em buscar conhecimento. Muito pelo contrário, a carreira cristã requer de nós avidez pelo saber, pelo entendimento das verdades que provém de Deus, e por vezes podemos enriquecer nosso relacionamento com ele observando suas características manifestas através das mais variadas expressões culturais, da filosofia, da ciência, das artes. Além disso, não há nada de pecaminoso em servir a Deus profissionalmente, já que ele dotou a mulher com as mesmas capacidades intelectuais que o homem e, portanto, ela está totalmente habilitada para desenvolver essa área.
A grande questão é que nossa sociedade nos tem bombardeado com a ideia de que cuidar da casa e da família, garantido pessoalmente a educação dos nossos filhos é algo desprezível e que não requer nenhum esforço intelectual! Essa é uma outra grande mentira a qual nós mulheres temos sido expostas e que muitas vezes temos dificuldade em resistir.
Um dos principais fatores que reforçam esse pensamento tem a ver com o fato de que nossa sociedade vive um feminismo extremado. Somos fruto de uma geração que vem sendo ensinada a olhar com olhos críticos e distorcidos uma tarefa que o próprio Deus considera nobre e digna. É triste perceber que há um anseio no coração de muitas mulheres por assumir um papel que não lhes cabe, de não aceitar qual é o seu real chamado. A verdade é que o reconhecimento social e a elevação da autoestima que isso proporciona concorrem com a suposta simplicidade da vida comum do lar.
Ocorre que a “vida comum” do lar não é algo simples como se julga. Afinal, é preciso conviver intensivamente com outras pessoas, distintas em seu temperamento, gostos pessoais, humor, sensibilidade e que carregam um mundo particular. Essa convivência exige idoneidade, estratégias, habilidades que, se bem trabalhadas, tornam esse ambiente familiar um rico universo.
Então vem um questionamento: será que realmente temos a dimensão do que seja formar um ser humano?
Formar um ser-humano não é simplesmente amamentar, providenciar as refeições, levar e buscar na escola e ajudar na lição de casa! Formar um ser humano é ter a consciência de que aquele bebê que o próprio Deus confiou às suas mãos não é simplesmente uma criança que possui somente necessidades físicas e intelectuais. Aquele serzinho, que também é dotado de espírito, pertence única e exclusivamente a Deus, pois ele é quem é o Autor da Vida e foi ele pessoalmente quem confiou esse filho a você! Aquela criança que saiu do seu ventre não é sua criança, mas é a criança de Deus e você vai precisar prestas contas dela ao Autor da vida dela!
O próprio Deus nos dá o privilégio de sermos não só testemunhas como também partícipes do desenvolvimento de um ser humano, um indivíduo completo em todas as suas peculiaridades, alguém impar, absolutamente distinto de qualquer outra pessoa no planeta! Só posso pensar no quão enriquecedora e desafiadora é essa experiência! Por que será então que, nós mulheres, vivemos a todo momento tentando abrir mão de tal privilégio em nome de um desejo muitas vezes egoísta e insípido de receber glórias exclusivamente humanas? Ou não seria nossa falta de fé a qual chamamos de “ajuda nas despesas” a justificativa pra deixarmos nossos filhos aos cuidados de terceiros enquanto estamos cuidando dos interesses de terceiros em detrimento de nossa própria família? Parece que não nos damos conta dos riscos aos quais expomos nosso filhos! Não percebemos o quanto perdemos de diariamente confrontá-los com o evangelho, além disso, comprometemos a saúde do nosso relacionamento conjugal, e vivemos às cegas sem pensar que podemos colher consequências eternas!
Uma das coisas que sempre me vem à mente quando me sinto tentada a dar continuidade aos meus estudos, por exemplo, mesmo sabendo que tenho três filhas pequenas, que foram confiadas por Deus a mim, é a seguinte:
No dia em que eu me apresentar diante do meu Deus, o que será que ele vai me perguntar:
- Por que não você não fez uma pós-graduação naquela oportunidade?
- Por que você não “administrou” melhor seu tempo para fazer aquele curso que você tinha condições de pagar?
- Por que você não aceitou aquela proposta de emprego? Você estaria livre nos finais de semana e isso aumentaria a renda da família!
Não. Tenho certeza que essas não vão ser as perguntas de Deus. Quando eu chegar ao céu e estiver diante dele, sei que ele vai me perguntar:

Filha, o que foi que você fez com os filhos que eu te dei?

Comentários

Unknown disse…
E exatamente isso que penso, mas hoje, pois mesmo sendo criada num lar cristão, sei que com as melhores intenções, minha mãe criou a mim e as minhas irmãs para estudar, ser bem sucedidas profissionalmente e não depender de marido. Confesso que ate algum tempo atrás eu concordava com isso. Mas gracas a misericórdia e a graça de Deus, tenho entendido que o meu papel principal e estar em casa cuidando pessoalmente dos meus filhos, da minha casa e do meu marido e o meu papel principal. Essa história que o mundo prega que o importante e a qualidade do tempo que passamos com eles e não a quantidade não tem base bíblica nenhuma. Ainda não estou cumprindo esse papel integralmente, mas eu e meu marido temos um propósito e creio que em breve estarei cumprindo o meu papel principal. Ler textos como o seu, ouvir o estudo de ontem no conte comigo, são situações que só reforçam o nosso propósito e me encorajam pra seguir em frente nesse propósito.

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