Quando “a lei se afrouxa... e a justiça é torcida...”


No segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo, o adversário foi Costa do Marfim e o Brasil marcou apenas dois gols contra uma equipe que poderia ter sido goleada. Comentários futebolísticos à parte, esse foi o jogo em que vimos o maior craque brasileiro da atualidade, o Kaká, ser expulso no segundo tempo após uma trombada com o jogador adversário. Cartão vermelho imerecido ou não, o fato é que esse ato foi na verdade o reflexo de uma partida em que a arbitragem não mostrou pulso suficiente para conter os ânimos que foram ficando cada vez mais alterados ao longo do jogo. Faltas mal marcadas, poucas intervenções e advertências levaram aquele espetáculo desportivo à beira de um confronto físico entre duas seleções de países civilizados, e que estavam sendo observadas pelo mundo inteiro. Assistimos de camarote a atuação de um juiz omisso que acabou passando até por irresponsável. O resultado levou Kaká a um ato impulsivo, embora muitos tenham concluído, que na verdade ele não agrediu o jogador que vinha em sua direção, e sim levantou o braço para se proteger. Enfim, quando não se dá muita atenção às regras, ou quando os responsáveis por fazê-las valer as ignoram, a situação começa a sair do controle e o resultado são atitudes impensadas e pouco inteligentes.

Fiquei refletindo a respeito do que aconteceu naquela partida e comecei a notar como é possível observar essa realidade dentro de casa. Tenho três filhas e embora faça o máximo para que elas sejam amigas, amem-se mutuamente e se respeitem, de tempos em tempos as pego em conflito. Com todas as mães que costumo conversar a respeito de brigas ente irmãos, os comentários são sempre os mesmos: apesar de serem irmãos de sangue as diferenças de cada um em todos os aspectos geram brigas e conflitos. Não que as peculiaridades sejam um problema, pelo contrário, elas evidenciam a beleza da diversidade, revelam a mente inventiva e singular do nosso Criador. O problema é o que o mal que habita no ser humano impede que essas diferenças sejam plenamente belas, e em muitos momentos elas se transformam em motivação para o confronto.


O problema não pára por aí. Outros fatores que geram essas desavenças na maioria das vezes não passam de simples implicância. Minhas filhas, por exemplo, brigam pelo simples fato de uma estar olhando para a outra. Discutem porque não querem abrir mão de seus pertences, ou simplesmente porque não querem ouvir a voz da irmã. No trânsito, a caminho da escola, discutem porque não querem ouvir a outra cantar, se irritam quando a irmã não quer participar de alguma brincadeira, e assim por diante. A cena chega a ser cômica não fosse a seriedade do que isso representa. A questão é que se as “regras do jogo” não são lembradas e o apito de advertência não é soado, a discussão pode gerar agressões, verbais ou até mesmo físicas. Isso não ocorre apenas ente irmãos. Para aqueles que têm só um filho, essa rivalidade aparece na escola ou quando os amigos vêm brincar em casa. Assim como naquela fatídica partida da Copa os jogadores foram perdendo a cabeça e se entregando aos seus acessos de raiva, também em casa podemos vivenciar momentos de grande conflito entre as crianças.


O texto que citei no título do blog está registrado em Habacuque 1.4. O reino de Judá, pra variar um pouco, estava em meio a grande desobediência. As leis mosaicas pareciam ter sido abafadas pelos maus desígnios de reis que deveriam levar o povo à obediência ao seu Deus, mas ao contrário disso, viviam conforme suas próprias leis. Se era isso que estavam semeando não era de se esperar que ceifassem discórdias, desavenças, separações e injustiças, como reclamava Habacuque. E o que era mais triste: ele não se referia a desavenças entre povos diferentes, mas entre “irmãos”, isto é, os seus compatriotas.


Quando as leis da Palavra não são lembradas em casa, não são inculcadas nos filhos, não são vivenciadas pelos pais, as brigas vão se tornando cada vez mais freqüentes e quando menos esperamos as coisas fogem ao nosso controle. As conseqüências não são apenas momentâneas. As discórdias de hoje poderão trazer desunião no futuro. Nós sempre precisamos usar o apito para lembrar aos nossos filhos que eles podem até jogar em times diferentes, ou seja, gostar de coisas diferentes, ou simplementes ser diferentes. Isso, porém, não lhes dá o direito de serem adversários. Jamais podemos negligenciar as ferramentas que dispomos para advertir nossos filhos, não como juízes impolutos, já que precisamos de igual modo ser advertidos quando erramos, mas como responsáveis para a manutenção da justiça. Nossos filhos precisam se conscientizar de que no que depender de nós devemos ter paz com todos. Se isso não começar pelos da casa, o que dirá das demais relações. Cartão vermelho? Só pra omissão.

Comentários

Ligian disse…
Su, como é difícil apitar às vezes...
Precisamos de toda dedicação e persistência porque é tããão mais fácil "deixar o jogo rolar", não?! Deus nos ajude como pais a não afrouxar...
O adversário do Brasil não era Portugal, era Costa do Marfim... rsrsrs mas tá valendo!!
Suenia Almeida disse…
É verdade, é que o Jogo contra Portugal foi tão ruim que eu jurava que tinha sido aquele. Futebol à parte, nem fale, tbem detesto ter que usar o apito às vezes... hahaha... ô tentação!
bjus
Marilene disse…
Excelente post, Su! Posso enviá-lo por e-mail (com crédito, é claro!) para os pais da IBNU?

Bjs e boa arbitragem por aí!

Mari

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